É muito
difícil a recuperação de uma Igreja estagnada (Mt 17. 19-21).
Estou
associando a frustração dos discípulos por não curarem aquele jovem possesso,
lembrando a tentativa dos irmãos Simão e André em expulsar o que eles admitiam
ser um demônio de pequenas proporções, um fraco adversário para os poderes que
o Senhor lhes conferira.
Quando mais
tempo a Igreja passar por este estado, menos provável será a sua recuperação.
Digo que não
basta o líder ineficaz superar a pequenez da sua fé, já abalada por uma possível execração o que, teologicamente significa a
perda da qualidade ou condição de “ungido” ou ainda, a perda da consagração.
Só o poder
regenerador do Espírito Santo poderá ultimar a sua recuperação, mas a vontade
do líder deverá ser evidenciada para que venha acontecer o reencontro com o
Senhor, pela sua misericórdia.
O encontro
sucedeu na “chamada” e na posterior capacitação fornecida pelo Senhor.
Sucedeu o
desencontro quando, no presente, já o futuro não era enxergado pela fé.
Lideranças
não desenvolvidas, ineficazes, já não estavam certas de que podiam esperar por
dias melhores. O esmorecimento da fé tirou-lhes a convicção de que a eficácia
da sua liderança era o fato não visível que Deus lhes reservara. Não mais
convictos, os ouvidos desses líderes se tornaram moucos para o desenvolvimento
dos dons de liderança que Deus lhes dera.
A falta de
confiança não é a razão da “estagnação” das Igrejas. Está faltando, na
realidade, uma porção de fé verdadeira, enraizada na submissão ao Criador, que
deve ser alimentada permanentemente das promessas de Deus nas Sagradas Escrituras.
Nenhum tipo
de organização, voltada para o desenvolvimento contínuo do seu grupo, irá
definhar ou mesmo morrer, se tiver uma liderança eficaz ( Apud Barna, 2002).
A promoção do
desenvolvimento de mais líderes é a ação mais eficaz, o passo mais importante
para que seja facultada a saúde continuada da Igreja, durante a nefasta fase da
“estagnação”.
Correlacionando
a fase da “estagnação” à Igreja que, como sabemos, é um organismo vivo, podemos
observar que ela também vivencia ciclos de vida (da concepção à inaptidão) e
que a “estagnação” é uma das mais conhecidas.
Isto também é
totalmente verdadeiro para os líderes de qualquer tipo de organização e, tal
qual as pessoas, aqueles “organismos vivos”, nesta fase, mostram-se indolentes;
engordam e se tornam arrogantes. De tudo
isto, resulta um ativismo ineficiente, uma operacionalidade estagnada. Tudo
indica que o fim do entusiasmo está bem próximo.
Demonstrando
não estar insatisfeita com o andamento operacional da sua estrutura, ela, a
Igreja, deixa de assumir riscos pela ausência de ousadia e intrepidez de seus
líderes.
Os obreiros
tornam vigias, delatores intrigantes e os crentes únicos merecedores das
atenções do líder são aqueles que cuidam da arrecadação das ofertas, dízimos ou
votos.
A busca por
novos desafios, novas conquistas não é mais cogitada em razão de um
protecionismo doentio que, instalado, ocasiona uma postura totalmente defensiva
(para trás – para os lados), ao invés de uma requerida agressividade (para
frente – para o alto). O interesse primordial da liderança é proteger aquilo
que se tem como atingido ( Fp 3.12-14). (Apud Barna, 2002, pg. 175).
É comum,
nestas Igrejas estagnadas, discutir-se sobre reforma de suas atuais
instalações, sobre definições de espaço e acomodações para sua confusa e
reduzida membresia.
Os membros que
se mostram resignados, que não se insurgem contra a situação, são elogiados e,
de alguma forma, recompensados pela liderança, quando disposta a encobrir a
trágica realidade da “estagnação”.
Enquanto isso,
os crentes que se insurgem contra o fato criticando, obviando o mal, sem
murmurações e que não poupam esforços para contornar a desconfortável situação,
chegam a ser excluídos, levados ao ostracismo, como paga pelos cuidados e
tentativas de superar a “estagnação”.
No ciclo de
vida da Igreja, a fase oposta à “estagnação” é o equilíbrio. Nesta fase os índices
de crescimento quantitativo (quantidade de membros) e qualitativo
(desenvolvimento e desempenho) estão sempre a superar as expectativas dos
líderes dessas Igrejas. De que tamanho nós queremos ser, como Igreja do Senhor?
Esta é a indagação própria da liderança que atingiu a fase do equilíbrio.
Estas
perguntas, infelizmente, não podem ser admitidas em Igrejas visivelmente
estagnadas.
Quando nesta
fase, situação em que os conflitos se tornam ocorrências normais, se não
acontecer a busca a o aprimoramento dos talentos como um alvo educacional e um
estratégia de ação que venha a gerar um processo motivador por excelência que a
torne mais viva, a Igreja como um todo, entra em processo de degeneração tal
que passa a funcionar como se fosse uma associação de pessoas onde campeiam a arrogância
e a falsidade.
Cristo
adverte que, a menos que esta Igreja seja avivada, Ele virá como o ladrão e a
destruirá (Ap 3.3), poupando apenas aqueles poucos fiéis que, dignamente, não
contaminaram suas vestiduras (Ap 3.4).
Mesmo que se
promova o desenvolvimento de novas lideranças, se o Espírito Santo de Deus não
facultar a sua restauração, a Igreja ingressará na fase subsequente, a
inaptidão.
Coisa difícil
é o crente admitir a ausência do Senhor na vida de uma Igreja. Por causa disto,
ainda que a liderança demonstre sinais visíveis de esgotamento emocional e
espiritual, levará algum tempo para que esta fase seja reconhecida.
Contudo,
mesmo que tardio este reconhecimento, o declínio é inevitável e então: só Jesus
para evitar a sua morte.
A eficácia de
uma Igreja, do seu nascimento (concepção) até a fase da “estagnação”, será
determinada pela vontade do seu líder espiritual que, até a fase da inaptidão
se valerá do seu”livre arbítrio” para conduzir os destinos da organização, sob
a atenta supervisão do Espírito Santo – “Alguém plantou, um outro regou (até aqui a vontade do homem
prevalece), mas o crescimento virá, se for da vontade do Espírito
Santo de Deus” (1Co
3.6).
A Palavra de
Deus nos orienta quanto à prudência do construtor ao lançar o fundamento e
adverte a quem edifica: “Porém cada um veja como edifica” (1 Co 3.10).
Esse líder,
tal qual o anjo da Igreja de Sardes, (Ap 3.1) que deveria regar, cobrando
ânimo, vigor. Excitando, estimulando, animando, atiçando, espertando,
fomentando a fé e promovendo o desenvolvimento do povo de Deus, não regou como
Apolo, fundamentado em Jesus Cristo (1 Co 3.11).
Pior ainda é
ver que esse líder, diferentemente de Apolo, não dá ouvidos aos Áquilas, às
Priscilas, quando procuram lhe expor o correto caminho de Deus (At 18. 26).
Não posso
deixar de fazer algumas perguntas bastante oportunas, ao encerrar este
capítulo.
Nós, evangélicos,
somos conhecidos pela nossa disciplina, pela nossa ética.
Por isso,
. Você admite
que os escândalos divulgados sobre a conduta delituosa de certos políticos e
líderes evangélicos, poderiam estar ocasionando o desestímulo, o desânimo, o
enfraquecimento e a falta de entusiasmo do povo de Deus, provocados pela
ineficiência dessas nossas lideranças e, em decorrência, estar gerando a “estagnação”
em muitas das nossas Igrejas?
. O
dicionário Aurélio diz que AVIVAR é estimular; é animar ou cobrar ânimo, vigor;
é excitar; é dar nitidez, tornando mais visível.
Sendo assim,
amado leitor, você estaria de acordo, se eu dissesse que AVIVAMENTO – ato ou
efeito de avivar (se) -, ora tão comentado por nós evangélicos, é uma
necessidade típica de Igrejas estagnadas, quem sabe, mortas como a de Sardes
(Ap 3.1)?
. Se houver
concordância, poderíamos afirmar que AVIVAMENTO é a alternativa do Espírito
Santo, o recurso para lideranças ineficazes (que não souberam regar) de
consolidar, de fortalecer e resto que está para morrer, por não serem íntegras
as suas obras na presença de Deus (Ap 3.2)?
Penso que a
inaptidão é a fase correspondente à passagem bíblica que registra a entrada de
Daniel ma cova dos leões, por determinação real.
Até que o
lançassem na cova, prevaleceu a vontade do homem, expressa pelo interdito
sancionado pelo rei Dario. Ele o rei dos medos e dos persas estava no controle
(Dn 6. 7-16).
Da mesma
forma, penso que o declínio, a fase em que a Igreja agoniza, corresponde às
passagens bíblicas que registram a permanência de Daniel, por toda uma noite,
no interior da cova.
Entretanto,
no interior da cova, o anjo do Senhor fechou a boca dos leões para que não
fizessem qualquer dano a Daniel, fazendo prevalecer à vontade de Deus. Ele, o
rei dos reis, o justo criador dos céus e da terra, estava no controle (Dn
6.19-23).
Laércio Otone – Salto-SP- 20/12/2015
Trecho do livro:
“Vinde Após Mim”- Jesus não disse: Ide
Após Seus líderes – Alberto Couto Filho, Pg. 128-133 – Ed. Livre Expressão 2010.
Bíblia de Estudo de Genebra 2° Ed.
Ed. SBB 2009.