terça-feira, 3 de abril de 2018

CONSIDERAÇÃO SOBRE SI MESMO

E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?
Mateus 7:3

Por: Tomás de Kempís, (1380 – 1471)

1- Não podemos confiar muito em nós mesmos, porque muitas vezes nos faltam graça e entendimento.
Em nós há pouca luz, e a que temos depressa perdemos por causa da nossa negligência.
É comum não percebermos nossa cegueira interna.
Muitas vezes praticamos o mal, e pioramos as coisas nos desculpando.
Somos, não raro, movidos pela paixão, e a tomamos por zelo.
Repreendemos coisas insignificantes nos outros, e deixamos passar coisas muito piores em nós.
Bem depressa sentimos e avaliamos o que sofremos nas mãos dos outros, mas não nos importamos com o que os outros sofrem por nossa culpa.
Quem age corretamente, e pensa com seriedade no que faz, pouco motivo terá para julgar com rigor o próximo.

2- O cristão interior prefere cuidar de si mesmo antes de pensar em qualquer outro tipo de cuidado. Quem cuida de si mesmo com diligência pouco fala dos outros.
Você jamais será muito piedoso internamente, a menos que relegue ao silêncio os assuntos dos homens, preocupando-se, sobretudo consigo mesmo.
Se você se preocupar unicamente com Deus e consigo mesmo, pouco será afetado pelo que se passa no exterior.
Onde você está quando não está consigo mesmo? E depois de atentar para tantas coisas, que proveito terá tirado se de si se descuidou?
Se quiser ter paz de espírito e verdadeira unidade de propósito, coloque de lado tudo o mais e examine-se a si mesmo.

3- É assim que você fará progresso: mantendo-se livre de todo cuidado temporal.
Grande será sua queda se você achar que existe algum valor nas coisas temporais.
Não permita que nada lhe pareça grandioso ou agradável, não considere aceitável coisa alguma, exceto Deus, ou o que for de Deus.
Considere inútil todo conforto recebido de qualquer criatura.
A alma que ama a Deus despreza todas as coisas inferiores a Deus.
Somente Deus é eterno, Ele é a consolação da alma e a verdadeira alegria do coração.
(Laércio Otone)