domingo, 19 de junho de 2016

JESUS CRISTO (O Espelho dos Mártires)


O primeiro século da era cristã não passou sem o derramamento de muito sangue dos santos. Jesus Cristo, o líder de todos os cristãos, não foi poupado, sendo por isso que é justo que seus membros andem no mesmo caminho. É um fato que João Batista morreu antes de Cristo, mas foi depois da morte de Cristo que o fogo da perseguição ficou extremamente violento, consumindo quase todos os seus amados apóstolos e amigos… Estamos cedendo a Jesus Cristo, o Filho de Deus, o primeiro lugar entre os mártires da Nova Aliança – não em termos cronológicos, pois João Batista morreu primeiro, mas em termos de merecimento, pois ele é o Cabeça de todos os santos mártires. É através dele que todos recebem a salvação. Aproximadamente três mil, novecentos e setenta anos depois da criação do mundo, no quadragésimo segundo ano do reinado de Augusto, o segundo imperador romano, tempo em que no mundo todo havia paz, Jesus Cristo nasceu de uma virgem, Maria, no povoadinho de Belém. Ele é o unigênito Filho eterno de Deus, o Verbo através do qual tudo foi criado. Leia Mateus 16:16; João 1:14; Romanos 9:5. Crucificação de Jesus Cristo 15 A sua entrada no mundo, bem como a sua vida e morte, foram carregadas de miséria, problemas e aflições. Podemos muito bem afirmar que nasceu e foi criado na sombra da cruz! Ele andou na sombra da cruz e finalmente morreu na cruz. Quanto a seu nascimento, ele foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu em grande pobreza, pois não nasceu em sua cidade materna, Nazaré, mas numa viagem a Belém. Foi por isso que não se encontrou um lugar preparado para recebê-lo. Não havia lugar na hospedaria, sendo preciso nascer num estábulo. Maria o envolveu em panos e deitou-o numa manjedoura. Sua infância não foi fácil. Com menos de dois anos de idade, Herodes resolveu matá-lo de qualquer jeito. Foi preciso que seu padrastro, José, e sua mãe, Maria, fugissem para o Egito, onde permaneceram até a morte de Herodes. Durante este tempo foram mortos, em seu lugar, em Belém e suas redondezas, todas as crianças com menos de dois anos, sempre com a esperança de que uma delas fosse Jesus. Houve grande lamentação naquela região. Jeremias há muitos anos profetizara este acontecimento: “Ouviu-se um clamor em Ramá, lamentação e choro amargo: Raquel chora a seus filhos, e não se deixa consolar por eles, porque já não existem” (Jeremias 31:15. Leia Mateus 2:18, o cumprimento desta profecia). Quanto à sua vida entre os homens, ele foi encarado como um entusiasta vagante, pelo fato de não possuir casa própria. Ele mesmo reclama disso: “As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lucas 9:58). Enquanto isso, o povo o acusava de ser amigo dos publicanos e pecadores, de ser “comilão e bebedor de vinho”, e que ele tinha demônio. O fim da sua vida era dos mais lamentáveis. Foi neste dia que, figurativamente, todas as fontes do grande abismo romperam, levando-o consigo, e os dilúvios do sofrimento se derramaram sobre ele, tragando-o. Primeiramente ele foi traído por seu discípulo, Judas, sendo vendido para os sacerdotes e os fariseus, por trinta peças de prata. Leia Mateus 26:14-16. Ele foi entregue às autoridades, rispidamente interrogado, e mandado no nome do Deus vivo, que declarasse se era o Cristo, o Filho de Deus. Foi só confessar que isto era verdade e eles começaram a clamar: “Ele é réu de morte!” Então cuspiram em seu rosto e bateram nele. Outros cobriam seu rosto e mandavam: “Profetiza-nos, ó Cristo, quem foi que te bateu?” O Século I 16 O Espelho dos Mártires (Mateus 26:68). Isto continuou até de madrugada, quando Jesus foi entregue a Pôncio Pilatos, o juiz, para receber a sentença de morte. Leia Mateus 27:1-2. Pilatos perguntou: “Que acusação trazeis contra este homem?” (João 18:29). Eles responderam: “Se este não fosse malfeitor, não o entregaríamos a ti” (v. 30). Pilatos respondeu: “Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei” (v. 31), pois compreendia que Jesus fora preso por questão de inveja. Eles disseram: “Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar tributo a César, dizendo ser o Cristo, o Rei” (Lucas 23:2). Disseram também: “Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se fez filho de Deus” (João 19:7). Pilatos levou Jesus para o pretório novamente e fez-lhe mais perguntas. Não achando crime algum nele, procurou um meio de soltá-lo. Numa tentativa de comover os judeus, mandou (contra a própria consciência) açoitar Jesus. Permitiu que colocassem nele uma coroa de espinhos, que zombassem dele e o maltratassem. Disse à multidão: “Eis o homem!” Mas de nada adiantou. Clamavam cada vez mais: “Crucifica-o! Crucifica-o! Se soltares a este, não és amigo de César”. Finalmente, quando Pilatos viu que os judeus não iriam mudar de ideia, e ainda com o medo de que o acusassem perante César, em torno das oito horas (segundo os nossos cálculos) ele voltou ao pretório, onde entregou Jesus à morte. Novamente os soldados começaram a zombar de Jesus. Colocaram nele a cruz, para que a levasse ao monte Calvário. Chegados ao monte, tiraram suas vestes e o cravaram na cruz, erguendo-o entre as cruzes de dois malfeitores que também foram crucificados. Segundo os nossos cálculos, isto aconteceu por volta das nove horas da manhã. Deram-lhe para beber, vinagre misturado com fel e repartiram suas vestes. Enquanto isso, zombavam dele constantemente, até de repente tudo ficar escuro. Estas trevas continuaram durante mais ou menos três horas. Aí o Senhor clamou bem alto: “Elí, Elí, lemá sabactâni?” Isto é: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46). Com isto Jesus inclinou a cabeça e morreu, depois de seis horas de sofrimento intenso na cruz, das nove horas da manhã até às três horas da tarde. A terra começou a tremer. Grandes rochas se despedaçaram. As sepulturas se abriram. O véu do templo rasgou-se e muitos milagres 17 foram vistos, provando que aquele que acabara de morrer não era um homem comum, mas sim, o Filho do Deus vivo. Este foi o fim, não de um mártir, mas do Cabeça de todos os santos mártires, através do qual todos eles encontraram a salvação.
(O Espelho dos Mártires Ed. Menonita)

Nenhum comentário:

Postar um comentário