“TEOLOGIA DA PROSPERIDADE “
Por: Laércio Otone
O termo teologia não
poderia ser colocado nessa desgraça, que é a teologia da prosperidade. Essa
doutrina enfatiza uma vida abastada, regada ao luxo, isenta de tribulações e
perseguições, e que, seus adeptos, são sempre pessoas “bem sucedidas”. Como disse meu amigo pastor Jesiel Freitas: “Só
existe uma teologia, que é a teologia bíblica”.
Não podemos denominar
de teologia, uma doutrina tão herege. Uma doutrina que está levando muitos ao
fundo do poço espiritual. Pessoas que
para atingir os fins que almejam, não estão se preocupando com os meios, ou
seja, ainda que preciso for, “atropelo quem entrar na minha frente”. Essa, é a
visão de quem frequenta uma denominação que apregoa esse tipo de doutrina.
A teologia da
prosperidade se alastrou por muitas Igrejas evangélicas, principalmente nos
Estados Unidos e no Brasil, atraindo uma enorme quantidade de pessoas. Todavia,
essa teologia é contrária a doutrina bíblica, e muitas vezes as pessoas acabam
se aproximando de Deus por motivos
alheios à genuína fé. Acontece também que muitas pessoas acabam se
decepcionando com o Evangelho, e até mesmo com o próprio Deus, quando as
promessas dos propagadores dessa teologia não se cumprem , e muitas pessoas acabam confundindo a mensagem da
prosperidade com o próprio Evangelho de Cristo, rejeitando, assim, o próprio
Evangelho. Por isso, é importante compreendermos como nasceu, como se
desenvolveu e o que ensina essa teologia para podermos confrontá-la com a
Palavra de Deus
A HISTÓRIA DA
TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
A teologia da
prosperidade também é conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé”, “movimento
da fé”, e “evangelho da saúde e da prosperidade”. Esse movimento teve origem nos Estados
Unidos. Através do evangelista Essek William
Kenyon (1867-1948). Kenyon se converteu na adolescência e com 25 anos
foi estudar no Emerson College, em Boston, conhecido como um centro do “movimento
transcendental” , que deu origem a vários movimentos heréticos. Uma das fortes
influências que Kenyon recebeu nesse período foi de Mary Baker Eddy, a
fundadora da “Ciência cristã”.
Um dos principais ensinamentos
desse movimento transcendental, também conhecido como “metafísico” (além do
mundo físico/natural), é que a verdadeira realidade está no mundo
espiritual. A dimensão espiritual,
todavia, controla o mundo terreno. Mas
as pessoas também podem controlar o mundo espiritual, e conseguem isso através
do correto uso da mente. Desta forma, controlando o mundo espiritual é possível
às pessoas que assimilarem o correto uso da mente controlarem,
consequentemente, o mundo material.
Kenyon acredita que
essas ideias eram compatíveis com o cristianismo. Ainda mais, acreditava que poderiam aperfeiçoá-lo. Em função disso, por exemplo, ele cunhou expressões
como: “o que eu confesso, eu possuo!”.
Kenyon passou a
elaborar esses ensinamentos e a divulgá-los através de pregações nas Igrejas
evangélicas tradicionais e pentecostais. Também foi um dos primeiros a usar o
rádio como estratégia de evangelismo e mateve o programa “Igreja no ar” para
divulgar seus ensinamentos hereges. Também puublicou vários livros contendo
essas heresias.
Mesmo Kenyon sendo o
precursor do movimento da prosperidade, o grande divulgador das suas ideias foi
Kenneth Erwin Hagin (1917-2003). Hagin é tido por muitos como o verdadeiros pai
desse movimento. Depois de padecer com uma grave doença, da qual obteve a cura
em meio a grandes experiências de fé, dentre as quais se incluem visitas ao céu
e ao inferno, Hagin se converteu. Começou seu ministério como pregador batista,
e com 20 anos se tornou pastor da Igreja Assembléia de Deus.
Aos 32 anos teve
contato com pregadores dos movimentos de cura, e em 1962 fundou seu próprio
ministério associado ao movimento da prosperidade. Hagin divulgou seus ensinamentos através de
seu ministério, de programa de rádio, fitas cassetes e livros. Hagin dizia ter
tido muitas experiências espirituais, dentre as quais, contava oito visões de
Jesus Cristo. Os ensinos de Hagin influenciaram vários pregadores
norte-americanos, que logo se tornaram grandes divulgadores desse movimento. A
partir dos anos 80, várias denominações pentecostais nos Estados Unidos se
declararam contra os desvios e os excessos desse movimento, dentre as quais as
Assembléias de Deus e do Evangelho quadrangular.
Esse movimento chega
ao Brasil já com status de neopentecostal. Um dos primeiros difusores desse movimento
no Brasil foi Rex Humbard. A Associação de homens de Negócios do Evangelho
Pleno promoveu algumas conferências para propagar o movimento estre os
empresários evangélicos. Nas primeiras organizações do movimento encontraram-se
a “Igreja do Verbo da Vida”e o “Seminário Verbo da Vida” (Guarulhos), a “Comunidade
Rema” (Morro Grande) e a “Igreja Verbo Vivo” (Belo Horizonte). R.R. Soares foi
responsável pela publicação da maior parte dos livros de Hagin no Brasil. Desde
então as Igrejas brasileiras sofreram uma verdadeira invasão dos ensinos do
movimento da prosperidade, através de pregações, programas de rádio, de
televisão, livros, fitas cassetes,CDs e apostilas.
OS ENSINAMENTOS DO
MOVIMENTO DA PROSPERIDADE NO BRASIL
Os ensinamentos do
movimento da prosperidade se resumem basicamente em três, que versam em torno da
impossibilidade do sofrimento para os crentes, da riqueza material e da saúde
perfeita como consequência da fé.
ANALISAREMOS,
PORTANTO, ESSES TRÊS ENSINAMENTOS PRINCIPAIS DESSA DOUTRINA HEREGE
1) O SOFRIMENTO COMO
FALTA DE FÉ:
Os adeptos da
teologia da prosperidade ensinam que o sofrimento significa falta de fé. Desta
forma, se alguém sofre, é porque ainda não se converteu, e se um cristão sofre
é porque não tem fé suficiênte. O cristianismo, ao contrário, nunca promoveu uma
vida alheia a dificuldades e sofrimentos. Jesus disse aos seus discípulos: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais
paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33) . Essas palavras do Senhor Jesus servem
também para nós.
Jesus não nos promete a ausência de aflições, mas vai nos
dar ânimo para enfrentarmos os sofrimentos.
Os sofrimentos podem até cumprir um propósito de Deus na
vida do seu povo. Deus pode empregar sofrimentos para:
a) Disciplinar seu povo: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo
contra o pecado.
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que ama,E açoita a qualquer que recebe por filho” (Hebreus 12:4-6).
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que ama,E açoita a qualquer que recebe por filho” (Hebreus 12:4-6).
b) O crescimento do seu povo: “Amados, não estranheis a ardente prova que vem
sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse;
Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (1 Pedro 4:12,13); E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia,
Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:21,22).
Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (1 Pedro 4:12,13); E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia,
Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:21,22).
2) A RIQUEZA MATERIAL
COMO SINAL DE FÉ
A teologia da
prosperidade ensina que os filhos do Rei não podem ser pobres. Portanto, a
prosperidade financeira é um direito do cristão e deve ser alcançada por meio
da fé. Essa mensagem promete riqueza fácil, o que muitas pessoas estão
buscando. Além disso, corre-se o grande perigo de se colocar as riquezas
materiais em primeiro lugar, de forma que as pessoas passam a buscar a Deus não
por causa da salvação, mas por causa daquilo que Deus pode oferecer como
bençãos materiais. A Bíblia nos alerta em
várias passagens sobre o perigo das riquezas. Por exemplo, o apóstolo Paulo
adverte: Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e
em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens
na perdição e ruína.
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores (1 Timóteo 6:9,10).
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores (1 Timóteo 6:9,10).
Da mesma forma Jesus nos adverte que, ao buscarmos as
riquezas, não estamos buscando a Deus: Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar
o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus
e a Mamom (Lucas 16:13).
Em vez de nos incitar
a buscar as riquezas, a Palavra de Deus nos exorta a buscarmos o Reino de Deus
em primeiro lugar. ...”buscai pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). O cristão verdadeiro aprende a viver em
qualquer situação, seja de riqueza, seja de pobreza, e aprende, em qualquer
situação que se encontrar, a confiar no Senhor e colocá-lo como seu maior
bem. Desta forma, aprendemos pela Bíblia
que Deus não trata os pobres com desdém, nem diz que as pessoas que se
encontram em pobreza por falta de fé (Dt
15.11; Mc 14.7; Gl 2.10).
3) A DOENÇA COMO FALTA
DE FÉ
A teologia da
prosperidade promete ainda a cura de qualquer enfermidade, desde que a pessoa
tenha fé. Assim, qualquer tipo de doença é encarado como falta de fé. Isso é
bastante complicado, principalmente no caso de pregadores e líderes evangélicos
que são prontamente desqualificados quando apresentam qualquer enfermidade ou
deficiência.
Um dos textos mais usados pelos
pregadores desses movimentos é o seguinte: “Mas ele foi ferido por causa das nossas
transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5).
Segundo os adéptos
desses movimentos, pelo fato de Cristo ter carregado todas as enfermidades, os
verdadeiros cristãos não podem ficar doentes. Pura heresia! Isso contrasta com
as próprias páginas da Bíblia Sagrada, que nos apresentam verdadeiros homens de
Deus que tinham algumas enfermidades: Por exemplo:
a) Eliseu: não foi curado de sua enfermidade
(2 Reis 13.14-20).
b) Paulo: mesmo que não possamos definir com
clareza qual era seu “espinho na carne”, ele orou e pediu a Deus que o curasse,
e não foi atendido (2 Co 12.7-10).
c) Timóteo: o jovem pastor Timóteo tinha
enfermidades estomacais ( 1 Tm 5.23; 2 Tm 4.20).
d) Epafrodito: companheiro e ajudador de
Paulo, adoeceu mortalmente (Fl 2.25-30).
Essas pessoas citadas
eram verdadeiros homens de Deus, que, todavia, tiveram enfermidades das quais
não foram curados. Certamente isso não quer dizer que Deus não realiza a cura
de nenhuma enfermidade. O próprio ministério do Senhor Jesus caracterizou, dentre
outras coisas, por curar várias doenças.
Jesus, ao ler a
passagem do profeta Isaías sobre isso, disse que aquelas palavras se cumpririam
nele: “O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me
ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração,
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4:18,19).
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4:18,19).
Mas, neste caso,
observamos duas coisas nesses movimentos de cura e a Palavra de Deus: 1) em
primeiro lugar, o propósito de Deus nem sempre é a cura. O fato do Senhor Jesus ter sarado as nossas
enfermidades significa que na ressurreição não teremos mais nenhuma enfermidade
e nem mesmo a ameaça da morte ( Ap 21.4). Mas nesta vida, estaremos sujeitos às
doenças; e mesmo alguém que porventura nunca tenha ficado doente, certamente
morreu ou irá morrer um dia; 2) em segundo lugar, podemos perceber uma grande
diferença nas atitudes do Senhor Jesus e dos apóstolos em relação aos
propagadores desse movimento quando realizam curas. A diferença está na
preocupação quanto à propaganda! Jesus, quando realizava uma cura, pedia que
não se contasse a ninguém o feito realizado. Podemos ver isso em diversas
passagens.
O motivo para tanto
era o fato de que Jesus não queria que as pessoas o seguissem por causa dos
seus feitos ou das curas, mas devido a uma fé sincera e desinteressada. Ao contrário, os pregadores desse movimento
fazem exaustivas propagandas de seus feitos
e acabam atraindo muitas pessoas em função dos milagres, e não por causa do
amor de Deus.
(Laércio Otone)
Nenhum comentário:
Postar um comentário